sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Sobre sinais

A primeira vez que reparei sua respiração na janela do quarto, era outubro de 2019.
Ela me chamava, fazia sinais e forçava até o vento a assobiar meu nome.
Eu ignorava...
Não acreditava que precisava ouvi-la, pois boa parte de mim estava completa.
Os sinais vinham por fatos, olfatos, momentos e lamentos.
E olha que até a rima eu ignorava...
Até que em alguns relances, a mensagem foi transmitida. Não sei como.
Ela dizia que precisava de mim e que eu precisava dela.
Não conseguia entender a razão disso, nem sentido no que ela me falava.
Mas eu sentia... e ignorava.
"Como é possível se sentir completo e não SE sentir?"
Era um dos seus mais repetidos sussurros.
Eu queria tentar. Cortinas e barulho as vezes a deixava calada.
Mas a mudança não veio. A esperança só empurrava o tempo pra frente.
Então ela gritou tão forte da janela que até ar me faltou.
Mesmo as lágrimas não me deixando vê-la, eu sabia que ela havia entrado.
Ela se acomodou ao meu lado e me abraçou, me acolheu.
A solidão tem dessas...
Mal falada pra todo lado e toda melosa quando os outros não estão olhando.

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