sexta-feira, 1 de novembro de 2013

#HUMOR - Começando a escrever

Me ajeito na cadeira como se fosse ficar na mesma posição por horas em extrema concentração, arrumo a postura (preocupação de velho, eu sei), pisco algumas vezes consecutivas (talvez a culpa seja do horário), pego o fone, o lápis e uma folha em branco (por que não abro o Word? Porque sou chato).

O branco da folha parece mais branco, o brilho é tanto que amplia essa imensidão de vazio, de falta de tudo. Mas mesmo assim a folha me recebe sorrindo. A ponta do lápis já me olha meio tristonha ( ela sabe que acabo com ela ainda hoje), mas também sabe que só tem a ganhar... vai mudar de plano, vai mudar todo o seu significado: de objeto para registro. O papel até que gosta, faz cócegas...

Mas antes da mão pegar o lápis e fazer a ponta virar registro no papel, é preciso pensar. Em quê?  Num tema, claro. E enquanto a cabeça pensa, o lápis já rabisca o papel, sem necessariamente saber o que está fazendo. Ele flui... A mão apenas segue o lápis (ele sabe o que fazer) e o papel, de barriga pra cima, sossegado...

Eu esqueço as palavras, a cabeça e deixo o lápis caminhando só. Não que eu não confie nele, mas as vezes, dou uma boa olhada nos seus passos só pra ver onde ele quer chegar.
A cabeça bem que tenta, mas não consegue entender por que vieram desenhos, se ela queria palavras. -Esse era o objetivo racional! – ela gritou. A ponta, o lápis, o papel e até a cadeira caíram na risada.

A cadeira, de tanto rir, já começou a incomodar. O lápis, por pouco não acaba com a ponta em seu ataque de frenesi. Ele cai, junto ao papel (com a barriga doendo de tanto rir). Meu fone estava alto, mas no fundo eu ouvia roucos gritos. A cama não parava de me chamar. 


É... a cabeça precisa dormir.  

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